E se a cada instante da vida eu me arrependesse do que faço
literalmente eu viveria apenas disso. Não que o meu currículo de
arrependimentos seja tão extenso, é que o mundo das recordações é um terreno
muito sombrio e traiçoeiro. Acredito que seja por isso que algumas doenças psicológicas
se originam, muito tempo habitando o ‘‘mundo das recordações’’.
Há um ditado muito conhecido que é mais ou menos assim: “a
vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida
olhando-se para frente” de Soren Kierkegaard, que diz praticamente uma verdade,
digamos assim, indiscutível. Porque veja bem, se passamos tempo de mais
preocupados em concertar o que já passou o que sobra para nós no presente,
digo, o ‘que passou, passou’ já foi, agora é só dizer tchau, bons recuerdos, e
estar preparado para agir e viver intensamente cada segundo do presente. Longe de
mim dizer para esquecer o que passou, jamais devemos esquecer, sejam boas ou
ruins, são lembranças, fazem parte de nós, mais não para serem revividas, serem
apenas guardadas na memória, em um cofre que seje pouco habitado, uma espécie
de poupança de memórias, - comparação perfeita – poupança de memórias,
diariamente depositadas correndo juros de anos vividos e experiências adquiridas,
sem a menor intenção de serem sacadas.
Gozado! É muito interessante quando estamos sem vontade
nenhuma de dar um sorriso, num sentimento profundo de abismo no peito, a
simples vontade de falar dá um salto enorme para fora de nós, mais, em algumas
pessoas, essa vontade é suprida pela vontade de escrever. Pra mim se encaixa
muito bem, pena que as palavras pra mim se confundam tanto quando eu as
escrevo.
Mil desculpa se não entendeu meu recado! Mais foi o jeito
que consegui me erguer, lembrando que o meu passado acabei de depositar na
poupança da memória... e não tenho a intenção de passar um tempinho no “mundo
das recordações”.
^^